Chuva na vidraça
Através da vidraça
Molhada com as gotas da chuva
Que minha vista embaça
Vejo sua imagem
No cenário de uma realidade crua
Distorcida, se afastando
Caminhando vagarosamente pela rua
Pisando as águas empossadas
Fazendo-as saltar, dançar, rodopiar
E novamente mergulhar
Lá se vai sua imagem se esfumaçando
Para logo se apagar
Aqui dentro, as gostas se unem,
Aumentam de tamanhos
Misturadas com meu pranto
Incontido, sentido, dolorido
Recortado em soluços
Onde vejo meu rosto refletido
Olhos vermelhos, cabelos em desalinho
Peito apertado
Ao pensar na tristeza
De um grande amor acabado