O cronista dos desalentos
Bem ordenar em palavras,
a desordem dos sentimentos
cada frustração tem sua gaveta,
esboçar sobre a prancheta,
o sabor desses momentos.
Às vezes a pedra está certa,
O que não veta a surpresa,
Que a faz ser deixada,
Inútil, na cidade errada,
Paralelepípedo em Veneza...
Noutras há boas vindas,
Certo calor nos envolve,
Dois braços abertos na praça,
Mas sede se faz de outra taça,
Aí, o bem querer não resolve.
A pressão da carência força,
Ajudando o saca-rolhas,
Então o engano corre frouxo,
A lógica do ipê roxo,
Exibe as flores, antes das folhas.
E o cronista do desalento,
Às outras almas informa,
Abranda o peso, contudo,
Se amargo no conteúdo,
É delicado na forma...