Bolsa-poesia

Se um poeminha chinfrim

chegar com pena de mim,

socorrer-me, no atual afã,

eu me sentirei o primeiro,

o esquilo, que sobe ligeiro,

para guardar a sua avelã.

Se um pensamento fuleiro,

uma frase das de banheiro,

avivar meus dois neurônios,

a receberei qual, conquista,

eis o meu dom de exorcista,

expulsando meus demônios!

Se alguma tirada gasta, ouvir,

ou, de cartões natalinos surgir,

será esse o ponto de partida,

tendo, vibrarei como se fosse,

fedelho com o algodão doce,

e irei girar a ignição da vida.

Nem um mote nesse cubículo,

eis um poeta rasteiro,ridículo,

sem sequer, miragem, fantasia;

deixa estar, quando, eleito for,

para ser deputado ou senador,

criarei, garanto, o bolsa-poesia...