A romaria nova do imperador
Cúpulas do engano, nas torres da maldição,
a cidade não vê, e corre em sua direção,
as águas polutas fluem por sujos leitos,
infantes sugam inúteis e secos peitos,
chuva ácida “abençoa”, toda a plantação.
O erro, filho mimado, vestindo a tradição,
consciência cauterizada, dorme a reflexão
o som do berrante marca a desejada hora,
o cego treinado palpa ambiente e decora,
e circula seguro, de posse dessa “visão”.
Bestas coroadas paramentam fúteis bibelôs,
estilistas embusteiros e sua moda retrô,
enfeitam asnos e palhaços na passarela,
o disfarce das cores faz parecer bela,
a forma do pão que o diabo amassou.
A pedra moldada ignora porquê do vai e vem,
qual jumento de Cristo entrando Jerusalém,
ao menos, aquele tinha um Rei no lombo,
mas o fantoche só retrata nudez e o tombo,
espantalho manjado, não assusta ninguém.
Os cegos morcegos de radar apurado,
voam na polis, por todos os lados,
comemoram de dia sua noite escura,
seu banco de sangue, grande fartura,
Mas a criança vê, o imperador está pelado...