QUERO
Quero despir-me desta mágoa
que me envolve e afaga
e me rasga sem dó, o ser,
em sulcos de medo, dor e raiva.
Quero despir-me desta solidão
que me rodeia, fria, calada,
por entre a multidão
que percorre, alheia,
os trilhos do desassossego.
Quero vestir-me de luz e calor,
de sentir nas veias, correndo,
o doce abrasar da seiva viva
que acorda em mim a vontade,
adormecida pela dor.
Quero olhar o mundo de frente,
olhar nos seus olhos
e dizer-lhe o quanto é vazio
de sentimento, verdade ou amor.
Basta!!!!
Vou reerguer-me do chão,
duro, frio e sujo,
deixar que o meu querer
ressurja na sua força,
que a vontade volte a emergir
deste mar de tempestades,
que sinta de novo no peito
o pulsar do coração
e possa, novamente, voltar a ser
EU!!!