MINHA ESTRADA

A estrada não é longa é até bem curta

Desvios passaram, mas não os tomei.

Céu, flores, pássaros, muros de murta...

Mas de tão esgotado nem bem reparei.

O solo pedregoso faz doer meus pés

Ah! Chegasse a algum lugar finalmente

E lá guardasse a tinta e meus pinceis!

-Aparelhos de pintar ilusões, somente-.

Não é só minha toda culpa que carrego,

Mas não tenho como dividir amarguras

E nem todo o meu amor que, não nego,

Ainda me controla, ainda me tortura.

Um sobressalto! - Disse-me um amigo:

“Talvez depois do fim haja novo início!”

A estrada continua? Prêmio!? Castigo!?...

Um portal para o céu, ou um precipício?

Nada sei sobre isso é talvez pura ficção,

Quiçá a alma, que o corpo ora descarta,

Deixará inteiramente vazio um coração!

Tanto fez; tanto faz vida pobre, ou farta!

Refiro-me a todos os sentimentos e sentidos

Que agente vai acumulando estrada a fora

Cor, cheiro, toque, sabor e amores perdidos,

Se tudo vira passado quando se vai embora.