Despedida Afiada
Estou irritada demais
Para escrever algo comovente
Insensível demais
Para escrever algo que faça sorrir
De que adianta sonhar
Com algo que nunca se tornará real?
De que adiantaria abraçá-lo
Se no dia seguinte iria querer afastá-lo?
De que adiantaria fingir que pode dar certo
Algo que eu certamente iria estragar?
Não importa quão belo pareça
É simplesmente efêmero demais para valer a pena
Passageiro demais para deixar qualquer marca
Não tenho mais motivo pelo qual lutar
Não tenho mais nada a proteger
Ainda assim, sinto o aroma do sangue
E mantenho a espada por perto
A única que pode se aproximar o bastante
A única a quem confiaria meu coração
Se preciso fosse
Não tenho mais medo de nada
E, ainda assim, continuo paralisada
Não sei se sou matéria ou pesadelo
Mas sei que jamais serei sonho
Estou a milhas do que você espera de mim
E pretendo me afastar ainda mais
Posso ser ainda mais clara
Quero que me odeie
Assim, pararia de sofrer desnecessariamente
Por quem jamais por você sofreria
No fundo, provavelmente está certo
Em dizer que estou errada
Mas isso é inútil
Suas palavras não podem me alcançar
Nada pode
A não ser a lâmina da espada
Se preciso for
E não se preocupe em dizer adeus
Afinal, sempre soube que eu iria partir