Esperança doentía
Um domingo que não deu risos,
nem descanso à mão que labora;
fútil espera por amor de Narcisos,
tantos espelhos d’água lá fora…
Ruas de escoar vaidades,
escoando, num vai e vem;
turbas alheias, futilidades,
que passam sem ver ninguém.
Um vício arde nas narinas,
outro queima na garganta;
quantos com um véu por cima,
ajoelhados aos pés da “santa”?
Domingo que não deu frutos,
inda que em pleno outono;
velhos pesares irresolutos,
giram no parque do abandono.
Na ciranda do abandono real,
brinca o engano insistente;
daltônico ante o sinal,
pra não perder totalmente…
Tola criança mimada,
nega febre temendo o remédio;
pendurando luzes na sacada,
pro brilho disfarçar o tédio.
Necessário é, que Deus ajude,
para discernir a diferença;
quando esperança é saúde,
e quando é sintoma de doença…