RANCOR
Vejo a morte com olhos de pena
Por tão sublime algoz desperdiçar seus préstimos
a tão inútil ser:
Esse que vos descreve a total futilidade e egoismo de uma vida inútil
Desperdiçando papel.
Não há o que meus olhos enxerguem
Nem ouvidos ousam
Ou que dos meus lábios se apodere
que seja bom.
Nada nesse mundo difere meus sentimentos dessa amargura
Que me tornou câncer de mim.
Repudio as viçosas flores
E as musas que nesse bosque celebrem
A vida e seus amores
Numa alegria frívola eterna
Invejo e amaldiçoo esse gozo
Desejando que o fel que brota dos meus poros
Contamine cada gota de orvalho
Dando a esse jardim meu sabor
Mas o que tenho...
é o castigo de viver mais um dia
Rodeado por essa feliz harmonia
vivo em meu rancor.
"Dedicado a lembrança de tempos remotos."