RANCOR

Vejo a morte com olhos de pena

Por tão sublime algoz desperdiçar seus préstimos

a tão inútil ser:

Esse que vos descreve a total futilidade e egoismo de uma vida inútil

Desperdiçando papel.

Não há o que meus olhos enxerguem

Nem ouvidos ousam

Ou que dos meus lábios se apodere

que seja bom.

Nada nesse mundo difere meus sentimentos dessa amargura

Que me tornou câncer de mim.

Repudio as viçosas flores

E as musas que nesse bosque celebrem

A vida e seus amores

Numa alegria frívola eterna

Invejo e amaldiçoo esse gozo

Desejando que o fel que brota dos meus poros

Contamine cada gota de orvalho

Dando a esse jardim meu sabor

Mas o que tenho...

é o castigo de viver mais um dia

Rodeado por essa feliz harmonia

vivo em meu rancor.

"Dedicado a lembrança de tempos remotos."

Otávio Otto
Enviado por Otávio Otto em 15/09/2011
Código do texto: T3222048
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.