Gato escaldado
O espinho feriu a mão
e então guardou a rosa,
oscilando na noite,
inda presa ao talo;
o latido ameaçador
feriu o silêncio
e guardou o átrio,
mesmo sem nada a ameaçá-lo…
Ao chocalho do ofídio
o pé guardou distância,
detida a ânsia do passo
nas cordas do temor;
pelo medo da perfídia,
o tatuado pela insídia
não tira a camisa,
negando que precisa do amor…
Ao aceno do ginete
nasceu o galope,
a cavalgadura receosa
do “estímulo” do açoite;
entornado o refrigerante,
o gato escaldado
saltou precipitado
e sumiu no breu da noite…