SÓ FLORES SECAS RESTARAM
Num dia de muita dor
O desespero minh’alma dilacerou
E o coração sufocado de desilusão
No peito quase parou...
Desvairada bateu a saudade
Sangrando descompaixão.
Precisava de acalanto
Pedi colo para o filho
Que outrora acalentara
Meu velho livro de poesias!
Segurei-o com nostalgia
Nas mãos que desabafos escrevera
E agora estavam vazias.
No dia em que a dor me embargou
Orei em silêncio uma prece
E lágrimas rolaram macias.
Meus olhos buscam no vazio
Pelo sonho que jamais envelhece
Mas esse doce encanto
Com desilusões se vestiu...
Abri o velho livro de poesias
Lembrei poemas de amor...
De amizades variadas...
Também de angústias contidas...
E injustiças gritando clamores.
Traições tão deslavadas
Como arco íris sem cores...
E alguns pretensos amigos
Oportunistas desleais
Cravando punhais nas costas
Como farpas de flores.
No meu livro de poesias
Lembrei poemas de saudade
Dalguns sonhos ideais
Que não foram realizados
E ficaram como cristais
Em porta-jóias guardados
Nas gavetas da esperança...
Lembrei de amores idealizados
Que se esfumaram no ar
Como nuvens passageiras
E em seu tempo terminados.
De amizades flamejantes
Gritantes... Luzentes...
Algumas como estrelas
Com luz própria e cintilante
Outras sorrindo falsas...
Em oportunidades falhas
Usando e abusando do momento tênue.
Alguns amores esqueci...
Amizades falsas descartei...
As farpas eu revidei...
Mas as pétalas das flores
Nas páginas do livro, as guardei.
*.*.*.
Sinto o tempo que passou,
E a saudade que ficou
Com os sonhos cristalizados
Nas gavetas fechados.
Revi no meu livro de poesias
Aqueles amores que acabaram
As farpas que revidei
As flores que guardei
E que secaram...
Com as lágrimas
Que ao longo do tempo
Meus olhos inundaram...
Fechei o velho livro de poesias.
E como por encantamento
Esvaiu-se aquele dia de dor
Nas asas do pensamento...
E senti que as forças se renovaram
Com as flores secas que restaram...
By@
Anna D'Castro