Pra onde foi o poema?

Ninguém sabe, ninguém viu,

Pode estar onde há esperança,

No olhar de uma criança,

Num vento que varre distância,

No leito de um plácido rio.

Só sei que não está comigo,

Em minha alma a seiva falta,

O estio poético aos olhos salta,

Nostalgia, solidão e sua malta,

Desfizeram o seu abrigo.

Letras marcham e erram o passo,

No desfile da impotência,

Coração pulsa a cadência,

Ritmo lento, paciência,

A musa não faz, eu não faço.

O aceno do verso fugidio,

Soa quase a zombaria,

Que não é típico da poesia,

Quem sabe um até um dia,

Depois da estação do frio.

Poeta é meio como Narciso

Mira a superfície da alma,

A ilusão o tem na palma,

Se o vento da realidade calma,

Vê no espelho o que é preciso.

Último vagido passos dispersos,

Seu jeito de entregar-se a Deus

Sugere epitáfio aos seus,

Lembrem antes do adeus,

Tudo que fiz, uni versos...

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 31/08/2011
Código do texto: T3193004
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