Reticências

Um arrepio férvido me acometeu e eu nada fiz para desertá-lo. Acostumado com a angústia e sua gélida sensação de bem-estar, me vi perdido. Atarantado, não deixei pistas. Notara que meus olhos haviam mudado de cor, mas não deixei nenhum raio de luz invadir meu horizonte. Parece estranho, mas toda vez que lembro dela, meu mundo se agita e confunde a minha sina. Já perdi o rumo diversas vezes por conta daquele semblante, que sempre chega acompanhado do desejo de algo que eu não quero sentir. Mas, ao anoitecer, reluto e reverto o jogo. Peço à escuridão que me afogue em insensatez, um mundo no qual me sinto livre para dissertar sobre aquele medo repulsivo. Ultimamente tenho usado os piores adjetivos para descrevê-lo. Será que eu finalmente devo me entregar a este sentimento? Quem garantirá a minha felicidade, já que terei de compartilhá-la com outrem? Eu tenho de reassumir a minha identidade e descansar eternamente, na plenitude do sofrer. Amar, definitivamente não é algo suficiente para mim...

Davi Augusto
Enviado por Davi Augusto em 29/08/2011
Código do texto: T3189356
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