O inverno da alma

A geada no sul do mundo bafeja ameaças,

ameixeiras nem aí, estão rindo em flor,

o sopro polar ainda acaricia os campos,

laranjeiras expões seus projetos,

como se nem precisassem calor.

O vento nas brancas melenas invernais,

e alados nidificam cantando à primavera,

preparam a chegada da prole inda dormida,

empilham tijolos louvando a vida,

leve o tempo flui, em festiva espera.

A natureza desconhece o pessimismo,

aposta que seu ciclo é sempre certo,

nem lembra bodoques e motosserras,

avança confiante no colo do tempo,

embeleza de vida, desfaz o deserto.

O diabo é que a alma é sobrenatural,

marcas de pedras e foices cruzam o tempo,

geadas antigas inda tolhem os brotos,

aguas passadas girando o moinho,

moem esperança e formam o desalento.

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 24/08/2011
Código do texto: T3179403
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