Passagem de volta
Sonhei pra dois a viagem,
ensaiamos juntos, o inglês;
marcado o dia e o mês,
felizes compramos passagem.
Até misturamos bagagem,
cedi meu espaço cortês,
fiz planos, ela também fez
íamos à origem da imagem.
O concreto virou miragem,
um carro de fogo talvez,
arrebatou o amor, desfez,
e castigou dura estiagem.
O Saara e noturna voragem
gélida, digo isso a vocês,
que valem razões, porquês,
quando castiga a friagem.
O roteiro ela sozinha refez
pousou noutra estalagem,
tocou de Veneza a margem,
furou a gôndola, o número três.
Inda no país do Genovês,
perfídia lutou sem pajem
viu na torre de pisa mensagem,
e aí que entortou de vez.
Agora amainou a revolta,
houve um tempo de amargar,
ficar com a passagem de volta,
sem ter pra onde voltar...