Passagem de volta

Sonhei pra dois a viagem,

ensaiamos juntos, o inglês;

marcado o dia e o mês,

felizes compramos passagem.

Até misturamos bagagem,

cedi meu espaço cortês,

fiz planos, ela também fez

íamos à origem da imagem.

O concreto virou miragem,

um carro de fogo talvez,

arrebatou o amor, desfez,

e castigou dura estiagem.

O Saara e noturna voragem

gélida, digo isso a vocês,

que valem razões, porquês,

quando castiga a friagem.

O roteiro ela sozinha refez

pousou noutra estalagem,

tocou de Veneza a margem,

furou a gôndola, o número três.

Inda no país do Genovês,

perfídia lutou sem pajem

viu na torre de pisa mensagem,

e aí que entortou de vez.

Agora amainou a revolta,

houve um tempo de amargar,

ficar com a passagem de volta,

sem ter pra onde voltar...

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 17/08/2011
Código do texto: T3165005
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.