TUMOR
O nada vai corroendo o ser
E cresce
Alimentado pela vida que mata
É um monstro
Não é vazio
É uma massa sem vida
Que se alimenta da vida
O corpo roubando o oxigênio
Da alma
Fúria sem ira, irracional
Não tem rosto, não tem
Sua linguagem é muda, não é
Se multiplica, mas não gera
Se espalha, mas não é fértil
A morte que come a vida
Sem razão, sem emoção, sem desejo.
Um silêncio que rouba o som dos risos
Do gozo, da revolução.
Poder? Podre massa;
Nefasta, infesta o tempo
Distorce as horas
Apaga o clarão.