Mortos no jardim

Teus cabelos o primeiro mote,

Teste ao meu dom no improviso;

Sóbria sem nenhum decote,

Quem disse que era preciso?

Bebi o mel de tua linda taça,

Antes mesmo de romper o lacre,

Duvidei que herdara tua graça,

Plácido de Castro conquistou o Acre.

Tive ciúme até da natureza

Quando no riacho, nadastes nua,

O protetor, de augusta pureza

Ante a espontaneidade tua.

A relva ouviu nossos anseios,

Sobre ela nos rimos da sede,

Fui a primeira criança em teus seios

O primo parceiro em tua rede.

Tudo ia bem até que foi mal,

Nossa aventura sofreu embargo,

Olhaste sequiosa outro quintal,

Presumindo doce, o fruto amargo.

Elefantes pisaram meu jardim,

E nos perdemos, nesse cautério,

O terreno que era beleza, enfim,

Recebe mortos, é um cemitério….

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 09/08/2011
Código do texto: T3148544
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