Estrela guia

Eis o amor de cara com a antítese,

Tendo que ver o que não queria,

Sol e planta sem fotossíntese,

Contra a natureza, quem diria,

Vida abusa do poder de síntese,

Três desenganos no mesmo dia.

A dor busca uma melhora estética,

No salão de beleza da poesia;

Esconde o sangue na tirada poética,

Cá pra nós, eu também esconderia,

Mesmo a verdade ficando esquelética,

Numa aguda crise de anorexia.

Nesse inelutável atoleiro trágico,

Qualquer que amasse atolaria,

O fado e seu truque, garboso mágico,

Serrando ao meio a hipocrisia,

E o sonho, em seu labor autofágico,

Consumindo as últimas calorias

Os três tombos que citei no início,

Da escada, da cama, e da fantasia,

presumir virtude na morada do vício

ao bom siso o desejo insano iludia

forjando um mendigo, rumo ao hospício

tendo a amargura por estrela guia

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 06/08/2011
Reeditado em 06/08/2011
Código do texto: T3142597
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