Elegia

O corpo quando falece,

é como fogo que apaga,

é mão que já não afaga,

nem vê o pranto que desce

e nada mais lhe apetece.

Aos poucos vai se esfriando,

não ouve o que estão falando

e perde todo o calor,

não sente tristeza nem dor

e nada mais fica olhando.

Ele permanece parado

e fica como que dormindo,

não pode se pôr sorrindo,

tampouco mudar de lado,

não se lembra do passado,

futuro também não existe,

não fica alegre nem triste,

nada mais se lhe importa,

fechou-se pra sempre a porta

e não abre por mais que insiste.

Até que chega o instante

de baixar a cova fria

que o morto tanto temia

e dela, punha-se distante

enquanto vivo e falante,

dizia para um amigo:

que a morte era um castigo,

que nunca iria entender,

o porque nascer pra morrer,

o porque viver em perigo.

Agora, quieto e calado

não clama, e nem contesta.

Findou-se a vida e a festa,

findou-se o sonho sonhado;

Agora, tudo é passado.

Agora, tudo é tarde,

o peito de amor não arde.

Chegou o fim da amargura,

do sonho, da desventura,

não é herói, nem covarde.

Assim, a vida se finda,

assim, a vida se encerra.

Por cima pesada terra,

por baixo mais terra ainda;

assim a vida se finda.

E tudo, tudo se acaba,

o mundo todo desaba,

mas o corpo nada sente,

pois a alma se pôs ausente

e tudo, tudo se acaba!

Roberto Jun
Enviado por Roberto Jun em 04/08/2011
Reeditado em 11/02/2015
Código do texto: T3138402
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.