OUTRÉPOCA

Lentamente desvanece as mãos

Que outrora magistrais se erguiam a ferir o ar...

Lentamente desfaz-se o sorriso das faces

Agora taciturnas pelo enfado que vida traz...

Os olhos tombam-se de uma diversidade

De cores livres, mas sem sentido...

Todas hão de render-se ao embaço do tempo pai...

Os passos que em "outrépocas" apressados se faziam

Entregam-se a lentidão monótona duma derradeira caminhada...

E de forma igual as galhofas, as piadas, a Energia,

O entusiasmo, os amores, os dissabores,

As canções, as discussões tudo emaranhar-se-á

Nas teias finas das recordações... tão frágeis,

Tão serenas, que nessa humana propensão

Terrena toda alegria constituir-se-á não em viver,

Mas em reviver as vidas que vivos não as temos...

E "em permanecer ou passar", Em "ser ou não ser”...

E viver ou morrer... haverá sempre Shekespeariana a questão:

"De não se saber o que nos espera noutra dimensão”...

E o medo covarde ainda aqui prisioneiro há de nos ter.

Gilmar Faustino
Enviado por Gilmar Faustino em 31/07/2011
Reeditado em 31/08/2011
Código do texto: T3130349
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