AS APARÊNCIAS ENGANAM

As aparências enganam, e como engana;

Rosto suave mesclado de rubor

Encobre o tormento que lhe ganha

Mistificando o seu "ar" de puro amor.

Transforma-o em fantoche da incerteza

Moirões de cedro revestem sua alma

Gesticula à sombra da nobreza

Fingindo em aparatos falsa calma.

Seu ato é contínua singeleza

O sorriso de esgar lhe cobre a boca

Volteia pelo som da brasa acesa

Que nos queima em sua cantata louca.

Mas quando a solidão lhe persevera

Jogando-o no seu íntimo lodaçal

Desperta em seu ser a presa fera

Estraçalhando com seu vil ódio mortal.

Ao ao retornar em cena o seu teatro

Ele supera um escárnio sem convênio

Pois se esmera, se desdobra no contato

Esquecendo do que fez nesse proscênio.

Rose Arouck
Enviado por Rose Arouck em 08/12/2006
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