AS APARÊNCIAS ENGANAM
As aparências enganam, e como engana;
Rosto suave mesclado de rubor
Encobre o tormento que lhe ganha
Mistificando o seu "ar" de puro amor.
Transforma-o em fantoche da incerteza
Moirões de cedro revestem sua alma
Gesticula à sombra da nobreza
Fingindo em aparatos falsa calma.
Seu ato é contínua singeleza
O sorriso de esgar lhe cobre a boca
Volteia pelo som da brasa acesa
Que nos queima em sua cantata louca.
Mas quando a solidão lhe persevera
Jogando-o no seu íntimo lodaçal
Desperta em seu ser a presa fera
Estraçalhando com seu vil ódio mortal.
Ao ao retornar em cena o seu teatro
Ele supera um escárnio sem convênio
Pois se esmera, se desdobra no contato
Esquecendo do que fez nesse proscênio.