Vila Nova de Mil Fontes - Alentejo - Portugal.
 
O silêncio das águas...

O que dizer ao silêncio que pálido
navega pelas cálidas águas?
Diria que os sons embalam o vento
nas cores que balançam ao tempo
no caminho do mar radiante
tão só, a deriva da emoção
se vai, rodeado por profundo pranto
de um negro que se espalha no manto.
 
O que dizer às pálidas águas sobre
o silêncio que cálido habita seu manto?
Diria que no frio que enregela há um fio de luz
que ilumina cérebros negros em devastação   
envoltos na vastidão do abismo do mar revolto
da vida sem leme levada ao léu 
que busca como âncora os inocentes 
que choram o amanhã coberto por raízes mortas.
 
O que dizer ao manto de águas pálidas
que navegam para calar o silêncio?
Diria das injustiças do caminho que afogam o mundo
que traz na inocente criança a soturna palidez
aonde ecoa um choro que freme o ser
e não sentido pelas areias das ampulhetas 
buscam nas marés envoltas em névoa 
vidas e direções serenas: rotas da esperança.



Publicado na Antologia Poetar Contemporâneo - Coletivo de Poetas Contemporâneos Lusófonos, vol I.
Edições Vieira da Silva - Lisboa - Portugal.