O Homem e o Mar
Cada passo que dou,
Sinto-me mais pesado.
O passado sobre minhas costas,
Consome-me cada dia.
Encaro-te mas não te vejo,
Teu cheiro já não é mais o mesmo.
O doce cheiro que guardo na memória,
remete a uma pessoa esquecida.
Aquela que vem a meus olhos,
não me enche mais os sonhos.
Apenas me seca a alma,
suga de mim a última fala.
Meu tormento está completo,
caminho pelo incerto.
Busco-a em formas vazias,
sigo pessoas estranhas.
De que serve meu lamento,
se a quem tanto almejo...
Não cabe a mim despertá-la!
Acordá-la!
Mostrá-la!
Senti-la!
Prová-la!
Meu tempo aqui já passou,
é com pesar e remorso que retorno,
A minha antiga casa.
Agora suja e jogada as traças.
Mas ainda sim meu lar, um ar, um mar,
não sinto mais para onde devo andar,
Sinto que tremo,
já não possuo mais o remo.
A vontade a me comandar não é mais minha,
as sombras a minha volta rodopiam,
fantasmas antigos do passado
vêm a tona novamente amargurados.
E eu agora o que faço,
perdido dentro de mim?
Como a tempestade que antecede a calmaria,
Ou a calmaria que antecede a chegada?