O Homem e o Mar

Cada passo que dou,

Sinto-me mais pesado.

O passado sobre minhas costas,

Consome-me cada dia.

Encaro-te mas não te vejo,

Teu cheiro já não é mais o mesmo.

O doce cheiro que guardo na memória,

remete a uma pessoa esquecida.

Aquela que vem a meus olhos,

não me enche mais os sonhos.

Apenas me seca a alma,

suga de mim a última fala.

Meu tormento está completo,

caminho pelo incerto.

Busco-a em formas vazias,

sigo pessoas estranhas.

De que serve meu lamento,

se a quem tanto almejo...

Não cabe a mim despertá-la!

Acordá-la!

Mostrá-la!

Senti-la!

Prová-la!

Meu tempo aqui já passou,

é com pesar e remorso que retorno,

A minha antiga casa.

Agora suja e jogada as traças.

Mas ainda sim meu lar, um ar, um mar,

não sinto mais para onde devo andar,

Sinto que tremo,

já não possuo mais o remo.

A vontade a me comandar não é mais minha,

as sombras a minha volta rodopiam,

fantasmas antigos do passado

vêm a tona novamente amargurados.

E eu agora o que faço,

perdido dentro de mim?

Como a tempestade que antecede a calmaria,

Ou a calmaria que antecede a chegada?

Raffael Lima
Enviado por Raffael Lima em 07/12/2006
Reeditado em 09/12/2006
Código do texto: T311553
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