Imensidão

O ritmo das ondas impulsionou um sopro de maresia às feridas das minhas saudades.

A água salgada envolveu, sem permissão, a realidade da minha vida trazendo a tristeza para dentro da minha história repaginada.

A ilusão da minha alegria teve sua cara lavada. A farsa da realidade veio à tona como um tsunami de lembranças adormecidas.

A água salgada do seu mar fundiu-se com as minhas lágrimas, que teimavam em escorrer, secretamente, entre as conchas trêmulas das minhas mãos.

Sob a proteção das ondas, meu coração indefeso entregou aos Céus meus inconfessos amores.

Naquele êxtase momentâneo fui envolvida pela realidade mórbida da minha vida e pela fantasia imprudente dos seus abraços.

Envolta por uma farsa de alegria incontrolável, contive o desespero de firmar os passos, implorando que meu caminhar frente às águas afogasse, aos poucos, as dores latejantes das minhas memórias.

Submersa nas energias conflitantes do meu passado, deixei que o Sol agisse sobre a frieza do meu inconsequente coração.

Permiti, passivamente, que ele queimasse o gosto de um beijo recente, tirando do meu pensamento a imagem de um Deus, que um dia, pensei ser meu.