Sobre a tua sombra
Tudo deixou de ser
Quando a razão tornou-se desprezível...
E o incomensurável desejo
Explodiu !
Como em forma de fumaça
Que passa... a cada momento
Como o nada e o tudo,
Condensam-se em morte e vida.
E a sorte não é de todos.
A loucura percebe a nitidez,
Que escondida
Brinca de brincar...
E quem sou eu ?
Se a tua loucura tem o meu nome ?
E, a vítima nada mais é que o acaso.
Teu cheiro me traduz o medo
Que em teu retrato
Reflete o paradoxo da felicidade.
Fui só cumplicidade
De tua própria normalidade.
E como culpada
Retornei ao abandono
De teus passos incansáveis...
Que recobriram os meus.
Os fatos adormeceram minha mente...
E, inconscientemente,
Agora vejo-te livre !
E, na minha covardia
Sobrevivo,
Vivo !
Tão só quanto antes !
Em pensar que fui teu mundo,
Mas sem nunca ter conhecido o meu.
Desfaleci
Num árduo preço...
Como foi o teu silêncio,
A tua vida.
E, como vingança...
Na quietude da noite...
Eu te abandonei !
ISABEL BENEDITO DOS SANTOS