Alheio

Ancorado num revolto oceano

Aguardando o final da tempestade

Dentro duma escuridão que um fulano

Envelhece ao pensar em humildade

Pois entende como um desafio grande

Por acostumado com soberba estar

À riqueza e luxúria que se prende

Afogando-se nas águas do pensar

Fortaleza em prol do mal protegida

Da tristeza, da cruel ignorância

Da vontade de viver e ter da vida

Um proveito como da flor fragrância

O difícil é tirar do coração

O rancor profundo que armazenou

Nem se quer sentiu estrondo do trovão

Pois a vida o ouvir não ensinou

No cessar daquela tempestade forte

Em seu coração distante e sombrio

Não sentiu no ar o bafejo da morte

Ao envelhecer seu coração vazio.

Axeramus 15/07/2010