Víbora

Estou aqui sentado, isolado, pensando em ti.

Ontem lhe pedi para me ensinar a viver sem você.

Você me sorriu.

Entendi que era tolice minha. Pois me disse:

- É tudo que não quero que não saiba viver sem mim.

Oh, víbora asquerosa, que em mim se enrola.

Mulher insensível, de entendimento parvo.

Nos momentos de maior entrega é que me repudia.

Já não suporto lhe amar.

Ser de duas essências, de uma única e dura existência.

Sempre me vi como um ser de grande paciência.

Porém, vem você mostrando-me o limite.

Pois é inútil esperar de ti o pleno acolhimento de Mim.

Gutenberg de Moura