DEIXEM EU PASSAR
Deixem eu passar com minha fantasia
Transformada e suportada pela alegria
Que se espalha nesse tórrido vendaval.
São promessas que se apressam a destruir,
Sonho em delírio que assim mesmo vai sorrir,
Apoiando-se no meu falso carnaval.
Abram portas e janelas! venham ver!
O tempo não demora a entardecer
E eu sentada vou lembrando sem sofrer;
Purificada por sandices sem igual;
Por essa rua movimentada...
já estreei minha colombina enfeitada,
Já bebi e naufraguei no seu cordão;
Hoje sou a sombra que se veste
De uma rota pândega que lhe empreste
Um ar de brincalhona nacional...
Vou rompendo as madrugadas nos compassos,
Destilo fogo imitando mil abraços,
Rodopio ao som da marcha sem sentir...
No fim da festa sobra de mim quase nada,
Sómente uma carcaça enjeitada,
Pelos últimos foliões a me mentir.