Sem Alma
Não me entendes. Não...
Será que preciso gritar que te quero
Que te espero
Que te amo?
Será que preciso ficar nua em pelo
Pra que seu coração dispare
Pra que seus olhos reparem
E desperte a sua emoção?
Não... Não entendes não...
Enquanto procuras estrelas
E soluções pro seu dia
Agito-me em nuvens de arranha céu
Então me chamas de criança
Porque caço vagalumes
Pra grudar na roupa
E piscar em cores
Na noite uivante
Buscante da lua.
Palavras não adiantam
Não entendes o significado do apelo
Em desespero rasgo meus traços
Corto meus farrapos
Coloco um pisca iluminado
Vagalume do mato
Em vão
Encontro o vento
Que me toca com suas mãos ligeiras
Vai-se o tempo
E eu, fico no poema
Sem dança de acasalamento
Tendo como cúmplice
A solidão
Não. Não entendes não...
Não entendes “coisa” nenhuma
Não sou eu a ilusionista
Tu é que não tens coração.
Como podes entender o que sinto
Se vives em teu mundo glamuroso
cercado de luzes e mulheres de adorno?
Nem te lembras a dor do abandono
Não sentes solidão nem tristeza
Tenho dó de ti
Pois quando a máscara cair
Serás só mais um palhaço a sorrir
Sem circo e nem mesmo um picadeiro
Neste dia, com certeza, lembrarás do que estou dizendo
Será tarde
pois a sonhadora estará voando
e piscando no mato.