Deus e o Nada

E se tudo for Nada?

E se o tempo for só quimera,

piada dum poeta?

Passado e Futuro unidos assim,

só o agora, o Presente sem fim?

Só.

E se a terra for estática,

besta, pura repetição?

Sem porque da vida

senão o porque da morte?

Eu passo e você também.

Aqui no chão é só vento

da imaginação e nós,

os filhos sem céu.

E se for?

E se essa multidão que corre,

trabalha e reza for indiferente?

Corpo indigente que jaz na valeta

de um cosmos em pulsação?

Sim, isso e só.

E se tudo for Nada?

E se?

E se...

O universo balbucia, apático,

O silêncio do acaso.

Eu, centelha descontente,

Tapo os ouvidos.