LITURGIA
Porta estandarte de minha ilusão
Mácula que algema- me ao contraditório
E usurpador destino.
Alcova onde adormece minha insônia
Onde grita o robusto silêncio
Onde morrem as matizes vívidas
Onde proliferam dúvidas e cinzas
Onde o ignóbil sentimento jorra.
Veleiros de inalteráveis lembranças
Soberana liturgia que arde a pele
Que rasga e dilacera a fiel estirpe
A bossa de uma sonora nota rufada
O sono vil de um vândalo
O nó do dia vacila, contunde o destino
Rasga a torpe lembrança
Estende o manto infinito e alvo
Sobre pés que buscam o caminho certo
Sobre o zinco desnudo e branco
Sobre o amor que sustenta a alma
Sobre o etílico que te sorve
Sobre o véu que te cobre à certeza
Sobre o espírito que te rouba à quietude
Sobre o vago hálito de tua última palavra
Sobre o desprezo que te extirpa a vida
Sobre a vida que te extirpa o alento
Sobre lábios que buscam o prazer exato...