LITURGIA

Porta estandarte de minha ilusão

Mácula que algema- me ao contraditório

E usurpador destino.

Alcova onde adormece minha insônia

Onde grita o robusto silêncio

Onde morrem as matizes vívidas

Onde proliferam dúvidas e cinzas

Onde o ignóbil sentimento jorra.

Veleiros de inalteráveis lembranças

Soberana liturgia que arde a pele

Que rasga e dilacera a fiel estirpe

A bossa de uma sonora nota rufada

O sono vil de um vândalo

O nó do dia vacila, contunde o destino

Rasga a torpe lembrança

Estende o manto infinito e alvo

Sobre pés que buscam o caminho certo

Sobre o zinco desnudo e branco

Sobre o amor que sustenta a alma

Sobre o etílico que te sorve

Sobre o véu que te cobre à certeza

Sobre o espírito que te rouba à quietude

Sobre o vago hálito de tua última palavra

Sobre o desprezo que te extirpa a vida

Sobre a vida que te extirpa o alento

Sobre lábios que buscam o prazer exato...

Castro Antares
Enviado por Castro Antares em 02/07/2011
Código do texto: T3071420
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