Vestígios de Sonhos

Um dia resolvi encarar o espelho da vida tentando, em vão, encontrar refúgio para meus desalentos.

Na imensidão do meu próprio universo deparei-me com uma mulher sem o reflexo do dia na alma.

Olhei para dentro de mim mesma, sem me encontrar!

Vasculhei cada centímetro do meu corpo mas não encontrei a essência do amor pulsando nas veias do meu destino.

Raros eram os vestígios de sonhos que ainda sobreviviam à rotina da minha vida. Carregava, nos olhos, um pesado fardo de esperanças desgastadas e lembranças deterioradas pelo tempo.

Percebi que era apenas uma alma vagante e sem rumo em busca das estrelas que, um dia, prometeram-me...

Percebi que tentava, em vão, encontrá-las na luz artificial das minhas noites vazias.

Hoje sinto que as “minhas estrelas” estão aprisionadas em algum dos inúmeros cativeiros dessa vida. E na imensidão desse triste e sombrio universo, persigo vultos desfocados na ânsia de encontrá-las nos escassos pontos de luz que atravessam, apressadamente, frente os meus olhos.

Não sei se algum dia conseguirei alcançar, no firmamento, os corpos celestiais que idealizei para acalentar meus mimos. Não sei se, algum dia, conseguirei aproximar o meu toque do fascínio de uma estrela. Talvez, por compaixão, uma delas desista dos céus e escorregue até mim...

... será então, a primeira estrela cadente visitando, por opção, uma pretensiosa alma decadente.

Gilmara Giavarina