Minuta

Da imagem imortal e traços imperceptíveis,

Desenho sem medo a plenitude do semblante,

Pois encontrei na silhueta do teu rosto,

Inspiração total para descrevê-la;

E ao perfilar a linha imaginária dos teus lábios,

Minha boca teve sede,

De tão incólume e intocável

Um enigma a ser decifrado pelos amantes da ilusão,

E ao reclinar-te para uma pintura,

Empresta-lhe à beleza a um quadro

Minhas mãos quase trêmulas

Disfarçam tamanha apreensão,

A fragrância do teu corpo nu

Incorporou sobre a tinta a desvairar-se

Dentre aos mortais pincéis da imaginação;

Até mesmo Picasso ignoraria tamanha imperfeição,

Quanto mais um humilde poeta,

Ao descrevê-la em minha folha de papel,

E tentar esculpi-la na magnitude

Do teu ser seria loucura;

Alguém em sã consciência não exitaria,

Talvez se contentasse com pequeno preencher

Que me veio de presente da face oculta,

Chego a sonhar com tua imagem

Que me toma por assalto em meu leito;

Mas na pretensão deste momento

Era real o testemunho dos meus olhos;

Apenas um rascunho desdenhado

Da beleza do teu rosto,

Beleza sem igual imortalizada e sortida

No quadro de um poeta ambicioso

CLASSIFICAÇÃO – PARADOXOS / PENSAMENTOS

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli

24/abril/2002 Itaquaquecetuba (SP)

zacarelli
Enviado por zacarelli em 26/06/2011
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