CÁRCERE
Jaz no peito a fria saudade
Aniquilando as suaves lembranças
No sepulcro, chora a ausência
Como pesadas brumas sobre os ombros.
Ó masmorra que prende-me o brado
Cárcere privado de perene clamor
Dissipa-me, ó coração afugentado
Desse imenso e interminável labor.
Prende-me as algemas do passado
Como densa e extenuante mácula.
Ó cárcere que me enclausura a alma
Ó tempo que me sepulta o descanso
Liberta-me, ó rútilo e próspero amor
Como lábaro desfraldado
Desse suplício de eterna dor
Desse martírio exacerbado.
Liberta-me, ó pássaro da paz
Corta-me as bárbaras algemas
Que prendem-me ao cruel veneno
Que prendem-me à cruel masmorra.
Ó infinita lembrança
Liberta-me desse cárcere sem vida
Devolva-me a alma perdida
Para sanar minha dolorosa dor...