Amor bandido
Que mata e ressuscita
O que de pior habita
Dentro de nós.
Amor de desejos
Lampejos ardentes
Que trinca os dentes
Mas não grita
Aos quatro ventos a dor
De amar sem amor.
Amor sem respeito
Que finca os cravos no peito
Que fica, fingindo que vai
Que não sai da cabeça
Amor que enlouquece
Que jura que muda
Mas sempre amanhece
Grudado, enroscado
Nos restos de nós.
Amor de devaneios
Que busca no espelho
O instante partido
Amor de olhares furtivos
Por cima dos livros
Que não foram escritos
Amor proscrito
Repatriado em perdões.
Amor dos senões
Amor das desculpas
Amor que se culpa
Do tempo perdido
Amor indeciso
que junta e separa
Amor das amarras
Amor das chibatas
Que fere, machuca.
Amor que não quero
Mas não sei arrancar.