|AURORA
AURORA
Aurora me diga como o dia será ao amanhecer?
Fale-me dos homens.
O que farão?
A aurora se foi e escondeu-se atrás do monte.
Enquanto o céu engolia as estrelas.
O vidente via uma praça cheia de homens.
Os homens caminhavam em todas as direções.
Mas nenhum saía da praça.
O dia se fez claro.
Os homens faziam a mesma coisa.
Coisas de homem.
Humana humanidade.
Fraternidade de amigos.
Os humanos matavam seus irmãos.
Negavam-lhes um pedaço de pão.
Amaldiçoavam e abençoavam com a mesma boca.
Uma arma na mão, uma flor na outra.
Nasce uma cruz no meio da praça já perto das três da tarde.
Tenha piedade!
Não sabem o que fazem!
Os homens amaram a cruz.
Seguiram-na da palestina até os confins da terra.
Lamento e dor acompanhou sua evangelização.
Encheram de negros os porões dos navios.
O mar testemunhou a morte de um rei.
Amaram os índios até a morte de seu último herdeiro.
Diga-me aurora como será amanhã?
Amanhã os homens vão à missa, vão ao culto.
Suas vestes contracenam com o espetáculo.
Suas palavras são louvores a cruz.
A cruz da praça.
Onde todos passam.
Eles elas juntos de mãos dadas se abraçam.
Uma gota de sangue cai do altar.
Um mendigo chora à porta formosa.
E eu fechei os olhos até dizer amém.
Diga- me aurora sobre o novo dia!
ROOSEVELT VIEIRA LEITE. Tobias Barreto, 15/05/2011