CEGUEIRA MÚTUA

C E G U E I R A M Ú T U A

Uma história de vagos resquícios de amor

No meu entender estamos dispersos

Nosso riso desdenha do mundo

Adeja uma sombra negra entre nós

Tornamos-nos transparentes, quase invisíveis

Aproveitamos nossa cegueira mútua

Para nós amar é enfadonho

Teimosamente estampamos ira

Antes nos embriagávamos na seiva da vida

Nossas palavras soavam em harmonia

Outrora andávamos sozinhos

No presente, estamos mal acompanhados

Até aqui fomos regidos pelo rancor

Fazes ironia com indiferença

Atropela tudo por desleixo

Querias sempre ser o centro

Somos prisioneiros do tempo passado

Estamos agrilhoados pelos pulsos

Respiramos miasmas de cemitério

Porém somos telhados de senzala

Um vagabundo se faz presente: EU

Minha garganta teima em não dizer seu nome

Reconheço em teus olhos escárnio

Reverbaras não luz, trevas

Fúnebre é o caminho que percorremos

Habita em nós a quietude das paredes

Estamos sós de mãos dadas com o vazio

Sonhamos com dias de júbilo

Nas horas de maior imaginação: descaso

Minha memória é diluída: inexisto!

Finalmente a completa vertigem: nada...

Porém estou ausente: talvez morto?

(abril/1999)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 13/06/2011
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