Dá-me mais  vinho, porque a vida não vale nada (F. Pessoa)
Bebo sim, mais pela mágoas do que por mim
Bebo pelos que não pensam e creem demais
Porém, bêbado eu mantenho minha lucidez 
Acima das realidades do mundo, todas boçais
 
Bebo por todos que já se desencanaram
C/ o futuro do país, aviltado sem trégua
Bebo pela falta de civismo dos políticos
Estes ratos infames, filhos de uma égua
 
Bebo para que o diabo os carreguem
Para as funduras profundas, abissais
Rezo que de lá nunca mais voltem 
E permaneçam nas trevas infernais
Bebo pelas mãos duras, adormecidas
Dos que lutam, apesar do cansaço
Bebo pelos amores que não tenho
Pelo desalento e a falta de abraços

Bebo nos botecos, nos bares da vida
Onde se enterram homens infelizes
Bebo pelos que sempre perderam
Os pobres mendigos e as meretrizes
 
Bebo por não ter tido a coragem
De tentar mudar o pais no passado
Bebo pela alma dos que sonham
Por este povo infeliz e enxovalhado 
 
Bebo porque aqui o mal, venceu o bem
Assim virtude e fé perderam o sentido
Bebo para encontrar, quem sabe, Jesus    
Pedir que reparta este vinho comigo!



 
Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 11/06/2011
Reeditado em 06/12/2017
Código do texto: T3027694
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