UM AMOR QUE ME RECUSA
Foge de meus mínimos poderes a contenção desse indomado sentir
Nuvens e pensares a se fundir, elevam meus soluços aos indícios teus
Miragens talhadas em breus, cântaros de prantos a me esvair
Torres erigidas no próprio ruir, credos tingidos em pigmentos ateus!
Sanções do ego sitiado, desfilam o que restaram dos esforços exauridos
Muros qual seda demolidos, fronteiras que perderam seus portões
No peito um deserto e no rosto inundações de comas sucessivos
Sonhos noturnos doloridos, fraturas de pesadelos em exposições!
Cravos em guerra com espinhos norteando íngremes porões de fugas
Do casulo agonizante brotam asas de rugas, na língua palatos censurados
Clamores arraigados, ondas amargas se forjam regadas de chuvas
Falsa doçura de hipócritas uvas, pesadelos revividos e mal acordados!
Reles herói do fracasso é meu inconsciente quartel rendido
Regra injusta de um jogo vencido, inexistente chance para o meu libertar
Acima o céu e abaixo o mar, sou eu a derivar nesse comando perdido
Pois o amor que me tem preterido, também tem me ferido e não quer me amar!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor