EU MEREÇO
Tenho vontade de bater na minha cara
sem que eu possa reagir contra tal ato
mostrar-me o mundo que me separa
do que eu vivo e do que eu sou de fato
Esta farsa de viver sempre aceitando
tudo que acontece a minha volta
fingir, fingir, aplaudindo ou ignorando
apesar de toda decepção e revolta
Tenho vontade de me castigar duramente
reprovar-me e dizer a mim mesmo algumas verdades
mas preciso agir consciente e friamente
para ter espaço em um mundo cheio de falsidades
Vejo-me concordando com o que eu não concordo
intrigas, disputas, ganância, deslealdade
bate uma saudade e eu já nem mais me recordo
do tempo em que eu era mais eu, vivia a minha liberdade
O tempo vai passando e a gente vai emburrecendo
passamos a viver conforme as nossas necessidades
sem perceber nossa personalidade vamos perdendo
e a cada dia mais nos perdemos das nossas verdades
Não foram poucas às vezes em que eu me odiei
por não ter a coragem de impor as minhas regras
e odiei também este mundo que eu não inventei
que muito exige e não me dá nenhuma trégua
Eu me questiono, me interrogo sem resposta
porque preciso me sujeitar a viver fora de mim
eu sei quem sou, mas como eu preciso ser me desgosta
e me torturo por ter que me aceitar assim
O mundo não me bate em respeito ao que eu sou
mas somente eu sei o respeito que eu desejaria ter
pois do que eu aprendi o pouco que restou
não consigo ver, em um mundo digno, sobreviver
E mais a indignação me atormenta e eu percebo
que nunca mais serei eu mesmo neste mundo
e compreendo o maior castigo, este eu já recebo
sentir-me um quase nada, fingindo que sou tudo
Célia Jardim
Tenho vontade de bater na minha cara
sem que eu possa reagir contra tal ato
mostrar-me o mundo que me separa
do que eu vivo e do que eu sou de fato
Esta farsa de viver sempre aceitando
tudo que acontece a minha volta
fingir, fingir, aplaudindo ou ignorando
apesar de toda decepção e revolta
Tenho vontade de me castigar duramente
reprovar-me e dizer a mim mesmo algumas verdades
mas preciso agir consciente e friamente
para ter espaço em um mundo cheio de falsidades
Vejo-me concordando com o que eu não concordo
intrigas, disputas, ganância, deslealdade
bate uma saudade e eu já nem mais me recordo
do tempo em que eu era mais eu, vivia a minha liberdade
O tempo vai passando e a gente vai emburrecendo
passamos a viver conforme as nossas necessidades
sem perceber nossa personalidade vamos perdendo
e a cada dia mais nos perdemos das nossas verdades
Não foram poucas às vezes em que eu me odiei
por não ter a coragem de impor as minhas regras
e odiei também este mundo que eu não inventei
que muito exige e não me dá nenhuma trégua
Eu me questiono, me interrogo sem resposta
porque preciso me sujeitar a viver fora de mim
eu sei quem sou, mas como eu preciso ser me desgosta
e me torturo por ter que me aceitar assim
O mundo não me bate em respeito ao que eu sou
mas somente eu sei o respeito que eu desejaria ter
pois do que eu aprendi o pouco que restou
não consigo ver, em um mundo digno, sobreviver
E mais a indignação me atormenta e eu percebo
que nunca mais serei eu mesmo neste mundo
e compreendo o maior castigo, este eu já recebo
sentir-me um quase nada, fingindo que sou tudo
Célia Jardim