ILHA SEM BARCO
Basta de idealizar, não virás.
Mas se acaso vir, não vai ficar.
Pois não faço parte da rota,
de chegada, nem de partida.
Ao percurso não pertenço.
Sou apenas rotos escombros,
jogados aos poucos no mar.
Limpeza sem nem reclicados,
sequer para alguém modelar.
Às vezes recebo um olhar!
Restos de amor impossível,
que gerei por anos sozinha.
Puro blefe do tal Cupido,
brincando com as flechas
quando ainda era menino.
Seria sua eterna semideusa
embora não o saiba ainda.
Estou sem vestígios na lista
,
lotada até nas entrelinhas,
até o século que não finda.
Fila de ilusão que não termina,
cheia de mil compromissos.
Com deveres mais importantes
que as nossas próprias vidas.
Antes... Ilha paradisíaca.
Agora barco a deriva.