O estranho e o natural
Estranho ato, lição de vida,
quem o viu assimilou;
Aurora constrangida,
repondo as cores que a noite furtou.
Natural o cão latir p’ro gato,
inimizade antiga, proverbial;
Estranho o hipócrita olhar nos olhos,
ver a lealdade e não sentir – se mal.
Estranho viajar com duas passagens,
insólito, intrigante;
Natural a primavera fazer a flor,
e o estio o retirante.
Estranho coletivo que cruza a noite,
superlotado de sentimentos;
Natural a cortesia do sono,
viu a lembrança em pé, ofertou o assento.
Estranhas palavras amargas,
desprezando a lenha que formou a chama;
Natural a porca lavada,
baixar a cabeça e voltar para a lama…