O SILÊNCIO CRESCE

O silêncio cresce na alma

como planta em terra fértil

água boa

e enruga o rosto

espelho da alma

flor alimentada pela intimidade

do ser

nunca vista,

corpo de água sem invólucro

correnteza sem margem

invisível

indizível

peso sem peso

como a gritar sem som

O silêncio vai comendo o corpo

em doses pequenas

indecifráveis

poções de desaparecimento

matéria-água

a se desmanchar, vela ao vento

força do vazio a ganhar terreno

espaço lúdico

brincadeira de não ser

A alma é um silêncio

corpo sem massa

imensurável vazio divino

alma prenhe de ar

frio que dói, ossos sem carne

clamor sem alarde

O silêncio afaga e afoga

a alma

é a alma

que infinitamente se cala.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 02/06/2011
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