O SILÊNCIO CRESCE
O silêncio cresce na alma
como planta em terra fértil
água boa
e enruga o rosto
espelho da alma
flor alimentada pela intimidade
do ser
nunca vista,
corpo de água sem invólucro
correnteza sem margem
invisível
indizível
peso sem peso
como a gritar sem som
O silêncio vai comendo o corpo
em doses pequenas
indecifráveis
poções de desaparecimento
matéria-água
a se desmanchar, vela ao vento
força do vazio a ganhar terreno
espaço lúdico
brincadeira de não ser
A alma é um silêncio
corpo sem massa
imensurável vazio divino
alma prenhe de ar
frio que dói, ossos sem carne
clamor sem alarde
O silêncio afaga e afoga
a alma
é a alma
que infinitamente se cala.