Anos de Ouro
Ah amor, perdoe-me.
Se preferir, diga a todos
Que a culpa foi minha.
Mesmo sabendo que não há culpados.
Tentei conservar ao máximo
Anos e anos de total frustração
Para terminar em fúteis deletérios.
Segredos, olhares discretos é claro!
Afinal não podia dar bandeira.
Aos outros olhos o casamento perfeito.
Aos nossos a perfeita indiferença, a perfeita farsa.
É como eu disse amor.
Não há culpados.
Ele entrou em nossa casa
Despojou-se em nossa cama
E eis que se criou o muro de Berlin.
Tudo passou a ser mecânico.
Fechar os olhos para fazer amor.
A dedicação para manter o status social.
Jantares em família por pura tradição.
Foi uma questão de tempo
E esvaiu-se toda a confiança.
E nós, como se nada tivesse acontecido
Seguimos a nossa vidinha normal.