Anos de Ouro

Ah amor, perdoe-me.

Se preferir, diga a todos

Que a culpa foi minha.

Mesmo sabendo que não há culpados.

Tentei conservar ao máximo

Anos e anos de total frustração

Para terminar em fúteis deletérios.

Segredos, olhares discretos é claro!

Afinal não podia dar bandeira.

Aos outros olhos o casamento perfeito.

Aos nossos a perfeita indiferença, a perfeita farsa.

É como eu disse amor.

Não há culpados.

Ele entrou em nossa casa

Despojou-se em nossa cama

E eis que se criou o muro de Berlin.

Tudo passou a ser mecânico.

Fechar os olhos para fazer amor.

A dedicação para manter o status social.

Jantares em família por pura tradição.

Foi uma questão de tempo

E esvaiu-se toda a confiança.

E nós, como se nada tivesse acontecido

Seguimos a nossa vidinha normal.

Rubens Piedade
Enviado por Rubens Piedade em 31/05/2011
Reeditado em 01/06/2011
Código do texto: T3006320