Mãe Natureza
Está a voz da mãe natureza em ressonância
de ver toda a sua prole sofrer a longa ansia
por debaixo de todo um reboliço da criação
que grande castigo deve ser este que temos
quão aguda deve ser toda dor que sofremos
de andar metros e ver que ainda sobra chão
E quando nosso corpo cai, exaurido e exausto
percebemos a idiotice da sabedoria de Fausto
ela grita: anda, simbiose semi-viva da desgraça
tenta respirar, amontoado podre de carne inutil
pelo menos soa, seu projeto falho de deus futil
semente carregada pela ventania que aqui passa
De que te adianta, esboço incompleto
gerar nova vida no corpusculo do feto
se sabes que tudo aquilo que sai de ti será sempre mortal?
Por mais que você reproduza os aminoácidos do seu gene
nunca saberá o significado definitivo da palavra “perene”
na estrada pavimentada com as pegadas do seu ser animal
Não sei qual é a utilidade de se comemorar uma vitória
ter a sensação falsa de ter atingido algum tipo de glória
se tudo apodrecerá no fundo da vala mais suja
gastamos as sinapses desses nossos neurônios
nossa alma na escolha entre anjos e demônios
nesta existencia tão definitiva quanto a caruja