sinto-me só, qual barco à deriva,

neste mar de gente inquieta, apressada,

que se movimenta de olhar perdido,

indiferente ao mundo que a rodeia.

à minha volta, sem pudor,

vejo pulular interesse, mesquinhez,

ambição, frieza, arrogância,

vaidade, presunção, maldade!...

vejo pisar as flores, indefesas,

crescer o desprezo pelo direito...

à vida, pelas crianças,

ao trabalho por jovens e adultos,

à tranquilidade dos velhos,

esquecidos depois de usados....

mas é em vão que levanto a minha voz!

há ironia no olhar de quem me ouve...!

e eu, só, no meio da multidão,

sinto-me triste e desiludida

por tantos destroços que me cercam...

empurram-me de todos os lados

como um objecto inútil, enfadonho...

os meus olhos reagem à desilusão

provocada pela queda dos castelos

que outrora povoaram meus sonhos...

sem resignação mas

por instinto de sobrevivência,

afasto-me, só, melancólica,

perguntando sem falar

a razão deste ostracismo...

onde foi que errei

para assim o merecer?...

e vou seguindo, só,

vagueando pela Vida!

Hedera Cunha
Enviado por Hedera Cunha em 27/05/2011
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