O sofrimento do palhaço
28/03/2007
Diante de ti fico muda, perco a fala
Não encontro palavras pra descrever o que eu não entendo
Olho pra ti e tua aparência me cala
Não te reconheço mesmo te conhecendo.
O que tu dizes parece certo, porém não se aplica
Ao cotidiano que nos sufoca e entristece
Deixa-nos cansados, cheios de estresse e fadiga
Num mundo onde a aparência é o que prevalece.
Tu me mandas sorrir e fazes muita graça
Mostra-me como é fácil esquecer o mundo de horror
Mas nos teus olhos eu vejo medo e fantasmas
O espelho da tua alma cheia de tristeza e rancor.
Tu falas das tuas desilusões e ri da tua amargura
Mas teu sorriso trai as tuas palavras de amor
Vejo o quanto o mundo que tu amas te machuca
E a alegria dos outros ameniza a tua dor.
No silêncio da tua voz encontro as palavras nos teus olhos
Tão expressivos e cansados, porém tua boca sorri
E não percebo o meu próprio choro
Ao ver-te disfarçar uma lágrima que tenta cair.
Há na tua voz um quê de tristeza e dor
Um sentimento que teu rosto tenta esconder
Sinto um aperto no peito ao vê-lo sorrir com rancor
Tentando amar uma vida que nunca amou você.