Fluindo...
Como ainda queres que te diga do meu amor?
Pensas por acaso, que tuas mentiras bastaram?
Se errei, nem sei se errei, foi uma vez apenas,
Mas errastes comigo, certamente, tantas vezes!
Há em teu coração a descrença que semeastes.
Não recebi sequer teu perdão sincero e limpo,
Eu pedi, por Deus, eu pedi a tua consideração
Deste-me as costas, arrogante, como sempre.
Nestes dias, fincas em minha alma como cravos,
Palavras duras que espetam a pele e sangram
Desnudando-me em vergonha por quase nada.
Que mais queres de mim? Toma a parte tua
Nesse desamor que se entranhou entre nós.
Só acusas, julgas e critica. Como um juíz cruel
Disferes contra mim as maldições que eu calei.
Ah não se mata o amor num golpe apenas.
Se assim fosse, não seria eu aqui e agora.
O amor morre serenamente, e em agonia,
Sofre e nem sente seu próprio sofrimento,
O amor lambe as suas feridas, uma a uma,
E se esvái como areia fina entre os dedos.
Então, que mais te direi do meu amor?
Se nem o tempo apaga as cicatrizes da dor.
Deixemos um pouco mais de espaço entre nós
Até que esse fluxo se acalme e nos deixe em paz.