Perdeu o auto-estímulo.
Desanimei; assim começa o tal do recito.
É recíproco que não tenho mais vontade de escrever.
Perdeu, o poeta, o encanto por vírgulas, verbos e rimas.
Perdeu o auto-estímulo.
Perderam-se em conceitos pouco relevantes.
Sei lá, o que eu tiro da vida? Tiro um e já era!
Se foi! Então, meus dizeres não são mais capazes de nada.
Sinto o nada vindo de mim.
Vivo friamente numa pele.
Coloca a mão nela. Viu? Pareço um peixe de tão frio!
Estou congelado a uma vida sem graça, sem respeito,
Pois, no meu peito, diz algo: você é incapaz para tudo.
Principalmente para namorar.
Nem namorada você tem.
Você é ninguém.
Mas o poeta que chora, que sorri, que se emociona
É aquele que ressuscita seus singelos sentimentos em palavras
Escritas que mais parecem cantos de tão doces.
Que soam afetos, cumplicidades.
Aquele frio se torna quente como um lindo sol reluzente,
Que descongela, que anima, que impregna tanto calor a ponto de fazer suar emoções.
Sentimentos tão fortes que gritam no coração,
Que fazem os olhos brilharem.
E, nessa hora, o poeta, frio em seus afetos,
Percebe que, tanto quanto outros, não vive sem amar
Renato F.Marques & Magda Oliveira.