Razão

A razão vem visitar-me...

Toma a forma de uma mão que teima em roubar...

Meus sonhos, meus carinhos...

Rouba as flores, as rendas de arminho...

Tão implacável a razão; desfaz o meu coração tão sonhador...

Jogando em meu rosto risadas de zombaria...

Mostrando sem piedade, a face translúcida do tempo:

Olha para ti – grita essa maldita!

Não estás mais em botão...

És uma flor prestes a cair...

Cai em ti!

Ah, essa razão...

Obriga-me a arrumar gavetas...

Remendar panos rotos...

Mas meu coração queria àquele lencinho fino...

Lavando meus desgostos...

Grito ligeiro para ela:

Espera!

Já arrumo a bagunça da minha alma...

Não me venha com a sua frieza...

Logo, congelo de novo a minha face.

Verônica Aroucha
Enviado por Verônica Aroucha em 01/07/2005
Código do texto: T29676
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