Razão
A razão vem visitar-me...
Toma a forma de uma mão que teima em roubar...
Meus sonhos, meus carinhos...
Rouba as flores, as rendas de arminho...
Tão implacável a razão; desfaz o meu coração tão sonhador...
Jogando em meu rosto risadas de zombaria...
Mostrando sem piedade, a face translúcida do tempo:
Olha para ti – grita essa maldita!
Não estás mais em botão...
És uma flor prestes a cair...
Cai em ti!
Ah, essa razão...
Obriga-me a arrumar gavetas...
Remendar panos rotos...
Mas meu coração queria àquele lencinho fino...
Lavando meus desgostos...
Grito ligeiro para ela:
Espera!
Já arrumo a bagunça da minha alma...
Não me venha com a sua frieza...
Logo, congelo de novo a minha face.